A questão do
homem e o tempo tem expressiva importância no cotidiano. E o cotidiano revela
aquilo que o tempo trás de surpreendente ou assustador. Durante a história da
humanidade, métodos e conceitos desenvolveram-se a partir das atividades do
homem que são determinantes quando o assunto é o tic tac do relógio. Desde os
sumérios, passando por Egito e Grécia Antiga, o homem coordenou o seu tempo em
favor das práticas nas quais sua sobrevivência dependia. Com o advento da
agricultura, o plantio e a colheita condicionaram a vida dos habitantes das
primeiras comunidades – que deixaram de ser nômades em virtude da escassez de
alimentos. A partir daí, e com a ajuda da extraordinária capacidade humana em
utilizar o tele encéfalo altamente desenvolvido no progresso de suas ações, o
homem passou a lidar com fatos cotidianos de forma organizada e precisa.
A
partir da Revolução Industrial, século XVIII, o homem conseguiu relacionar o
tempo com a atividade de trabalho. A invenção do relógio possibilitou precisão
na contagem dos segundos, que formaram os minutos e as horas de um dia labuta.
A mudança brusca dos trabalhadores para os grandes centros comerciais – as
cidades – deixou de lado a vida no campo, a espera da agricultura; o tempo
contado pelo cantar do galo e o posicionamento do sol deu espaço aos sinais das
fábricas, aos apitos das pausas, à visão aguçada de mão-de-obra versus tempo. O valor das coisas passou
a ser contado pelo ritmo frenético do capitalismo industrial – recém chegado,
mas sem data para partida.
Com
o advento do século XXI, novas tecnologias, novas formas de vida se expressam
nesse cotidiano. E o homem é capaz de lidar com várias atividades simultâneas,
sobretudo com a ajuda de uma nova, porém quase velha aliada: a internet.
Informações atualizadas a todo segundo, sites de relacionamentos, a grande
cadeia humana de amizades, canais de protestos e demonstrações de sentimentos
(todos, muitas vezes em uma só página), trazem à luz da criticidade a questão
do tempo e o homem. Entretanto, eis o
enigma pertinente acerca do tema: quem está a favor de quem? O homem que
utiliza o seu tempo para cumprir sua jornada diária, ou o tempo que dita o que deve
ou ser feito? E então, vemos surgir no cerne da questão o cotidiano que, de
tempos em tempos, derruba conceitos, reafirma outros, oferece roupagem nova a
expressões a atitudes antigas. Saber relacionar o cotidiano com as ações
reproduzidas a partir da contagem do tempo é uma façanha que a humanidade ainda
é inexperiente. Controla-se o relógio aparentemente e as atividades diárias,
mas não se entende o correr tão veloz e cruel das horas. Como se a grande
angústia da contemporaneidade fosse a
espera da alforria, da liberdade de utilizar o tempo para projetos, sonhos
planos deixados à mercê dos dias, das horas. Ora, se o homem necessitou domestica-lo, agora precisa
enquadrar-se à ditadura repressora do tic tac do relógio que, embora moderno, continua
o mesmo. A fera domesticou o adestrador.
Sim, o homem é produto de seu tempo,
dependente de suas horas, condicionado ao cotidiano que, se der tempo, acontece
de forma previsível.
Obs: Texto criado por Andréa Moreti, no dia 14/02/2013, e enviado para análise (no endereço eletrônico estevanscriptme@gmail.com) referente a vaga de freelancer de escritor, conforme anúncio no Jornal O Cruzeiro do Sul de Sorocaba/SP, na mesma data (para evitar plágios autorizados e não autorizados...rs).